sábado, julho 01, 2006

Sindicatos e Ordens

Tanto quanto sei a desejada Ordem está mais uma vez posta de lado. Tome-se em atenção o "futuro" estatuto da Carreira Docente e percebe-se que nem faz muito sentido existir com uma coisa dessas em vigor.
Quanto aos sindicatos o seu papel (e devo esclarecer que já fui sindicalizado e que por divergências com as permanentes direcções saí) tem saido do âmbito do desejável substituindo-se muitas das vezes ao próprio ME contestando todo o tipo de medidas. Dou um exemplo simples: o caso das horas de substituição. Vieram a público contestar uma medida que aos olhos de todos (público) era sensata. Não tiveram a coragem para por o dedo na ferida, exigindo que esse é um trabalho com alunos e lectivo e por isso deveria ser pago e não exceder o limite de horas lectivas (extraordinárias se fosse o caso) previstas na lei.
Quanto ao horário continuo a salientar que deve ser objecto de regulamentação séria e fundamentada e isso sim deve ser objecto de luta pelos sindicatos. E porquê? Pela simples razão que são os sindicatos que devem exigir do ME condições para o exercício da profissão. Todos sabemos que os executivos pressionados pelas circunstâncias querem é o trabalho feito não se preocupando realmente se um docente está 7horas seguidas com aulas, não dá tempo de descanço nem tem em conta o número de alunos, niveis e especificidades do trabalho de cada docente. Eu não me importo de trabalhar mas quero condições para o fazer. Essa é uma luta para os sindicatos.
Os sindicatos não devem pronunciar-se sobre se devem existir exames ou não. Devem sim questionar as orientações contraditórias do ME quando este procura avaliar os alunos por exames nacionais e por outro pressiona os professores para passarem os alunos.
Mas há mais. O que têm feito os sindicatos para banir os quadros de lousa das escolas? Determinar o impacto da exposição dos docentes ao ruido, stress promovendo estudos com instituições superiores ligadas à saude de modo a pressionar os governos no sentido de organizar a escola com condições de trabalho dignas nãop tem sido objecto de qualquer preocupação. Posso acrescentar mais: onde estão as condições prometidas para a reforma agora em vigor ? O governo não cumpriu e os sindicatos não estão atentos.

1 comentário:

henrique santos disse...

Caro Paulo
não generalizes. Há sindicatos e sindicatos. Em relação a questões que colocas - caso das substituições - estás mal informado em relação a críticas que formulas.
Não compartimentes o que é sindicalmente reivindicável pelos sindicatos. Eu sempre fui sindicalizado num dos sindicatos membro da única federação digna desse nome, por muitos erros que se tenham cometido. Se por acaso esse sindicato tivesse um visão restrita da profissão ou não tivesse uma visão da educação, querendo intervir na definição das políticas educativas, eu, simplesmente, não queria estar nele.
Acho que as críticas ao sindicalismo, por parte dos professores, devem ser concretas e directas. Há professores que simplesmente não imaginam que, sem sindicatos, os professores não teriam estatuto, as suas condições de trabalho e seriam imagináveis.