segunda-feira, junho 05, 2006

As letras pequenas do contracto

A meu ver existem alguns aspectos mal explicados neste ECD. Uma delas é o que se entende por 22horas lectivas: são tempos lectivos de 45minutos ou podemos esperar que por cada 45min veremos acrescida a carga horária em 15min? Ou seja mais 7,3 tempos de 45min. até acredito que a ministra dê 0,3 minutos (cerca de 20min) de barato. Dessa forma trabalhariamos realmente 22 horas lectivas (29 tempos de 45min). Publicamente esse será um argumento dificil de contrapor.
Por outro lado parece-me que todo o tempo passado na escola será a trabalhar pelo que deveria ser descontado na componente não lectiva da escola. Dessa forma os intervalos e "furos" nos horarios seriam obrigatóriamente deduzidos nessa componente. Não devemos temer discutir estes minutos, lembremo-nos que encurtaram em 5min as aulas e puseram-nos a trabalhar mais dois tempos na escola. São as letras pequeninas do contracto.

Outro aspecto que me parece relevante é o da necessidade de um cumprimento de 97% da componente lectiva para que a avaliação se possa realizar para efeitos da progressao. Já aqui o disse e repito: é injusto, não é o professor que está a ser avaliado mas as circunstâncias em que esta decorre. Seria muito mais correcto fazer como na formação profissional onde são pura e simplesmente cumpridas as horas necessárias ao cumprimento dos programas.

Outro ponto pertinente é o caso de professores que hoje possuem qualificações como mestrado e doutoramentos e outros habituados a assumirem funções agora vedadas por este documento. Estes docentes desaparecem, ou melhora, fazem-nos desaparecer neste documento.

Existem muitos aspectos a que os sindicatos deverão estar atentos mas duvido que façam algo que contribua para a melhoria das condições de trabalho. Estão demasiados ocupados a defender os que pretendem aceder à carreira e a defender a antiguidade como valor - na linha do ministério - e não realmente atentos às necessidades reais das escolas e dos professores que hoje asseguram o funcionamento das escolas.

Curiosamente estou à espera para ver como vão resolver as coisas quando os que hoje asseguram um vasto conjunto de funções amanhã deixarem os lugares para gente mais acomodada. Além de que é óbvio que desta forma também esse deixarão de ter as reduções dos cargos e passarão a assegurar mais horas na escola. That´s money!

Isto vai ter piada, já nos estamos a virar uns contra os outros...
Já vi gente contente com o facto de supostamente ter escapado ileso (os do 9º e 10º escalão). Mas acreditem que também esses vão chorar quando os inspectores lhes baterem à porta e lhes perguntarem por uma série de papelada que deverão assegurar. Claro está que a batata quente cairá nos outros agora avaliados pelos professores titulares. Vai ser lindo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho o prazer de partilhar a minha vida com alguém que não quer ser "titular" à força, mas por motivos bem mais importantes que os do trabalho/responsabilidade inerentes a tal "estatuto". Acredito que muitos mais colegas tenham esta postura.