domingo, dezembro 18, 2005

Escravidão em Portugal



Agora com o art. 50 avizinham-se mais horas na escola. Muitas já avisaram os professores que têm de dar mais duas horas da sua componente não lectiva para actividades de recuperação de alunos.

A componente não lectiva não é um saco sem fundo.

As medidas por muito incontestáveis que possam ser não devem entrar em rota de colisão com os direitos dos professores. Os professores têm direito a ter um horário como qualquer trabalhador. Saber onde começa e onde terminam as suas obrigações e o tempo de serviço. Assim não é possível garantir a qualidade de ensino.

Passo a expor alguns factos que estão na base da minha revolta e também desânimo:

  • Tem sido ao longo destes anos e sempre pela mão de governos PS reduzida a componente não lectiva dos professores e aumentada a carga dos professores. Sim o número de turmas por professor tem aumentado nos últimos anos com a diminuição do número de horas por disciplina. Isso tem implicações na qualidade do ensino. Por um lado os alunos têm uma imensidão de professores e disciplinas por outro representam apenas uma das seis ou sete turmas de um professor e um dos cerca de 230 alunos.

  • Quando o governo passou dos 50 minutos para os 45 minutos disse que os professores tinham de dar esses 5 minutos em falta à escola. Para além da mesquinhez, já que qualquer professor dá mais do que isso aos seus alunos no final das aulas e não são 5 minutos que comprometem o cumprimento dos programas isso contabiliza-se em duas horas de superveniente. A diferença existe no tempo que o professor passa na escola: mais duas horas. Ora isto não passa de uma atitude típica de chico-espertismo como o classificaria de certeza o ainda Presidente da República e não é digno de pessoas de bem.

  • Em consequência da implementação das área curriculares não disciplinares os professores fazem mais reuniões do que nunca, sempre em horários ao fim do dia depois de imensas aulas. Qual a qualidade destas reuniões?

  • As actividades de substituição implicam o contacto com alunos e devem ser consideradas lectivas e pagas ou integradas no horário do professor. É aqui que o governo se revela pleno de demagogia. Não pagando estas horas e até lhe tendo escapado coisas como “fazer graças” é óbvio que não é na qualidade desses tempos que está preocupado mas na demagogia e populismo das medidas. Se fosse sério e desejasse a qualidade desses tempos faria de outra forma.

Será que ninguém vê isto? Será pura ignorância ou a demagogia populista deste governo é tal que não se importa de comprometer o ensino público?

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