domingo, dezembro 18, 2005

Actividades de substituição


Vamos admitir que é consensual a existência de actividades obrigatórias de substituição. Sim obrigatórias, para os alunos.É disso que falo, não são de livre frequência, os alunos têm de ir às actividades planeadas caso falte o seu professor.

Ainda que existam escolas que se furtaram ao modelo das aulas de substituição essas actividades têm sido de difícil implementação e não cabe aqui discutir as razões ainda que fosse pertinente faze-lo. Importa sim explicar, denunciar o que realmente se passa:

  • As actividades de substituição sejam as famosas aulas de substituição ou outras actividades como clubes ou outras são realizadas por professores que ficam de plantão para a eventualidade de um professor de uma turma faltar.
  • O tempo que esse professor disponibiliza é o da sua componente não lectiva roubando por isso tempo à planificação das aulas, acompanhamento e avaliação das turmas que efectivamente estão sobre sua alçada. Existe por isso um conflito de interesses: o dos alunos a quem o professor garante as actividades de substituição e o dos seus alunos cuja responsabilidade foi assumiu.
  • As actividades de substituição por muito valor que tenham não substituem na verdade o acompanhamento dado pelo professor da disciplina. Apenas ele sabe o estado das coisas, as necessidades individuais. Apenas ele conhece o projecto curricular de turma. De outro modo estamos a falar de entretimento e não é para isso que o estado paga a pessoas qualificadas. Temos gente com mestrados a entreter alunos e isto é desrespeito pelas qualificações e anos de muito estudo que muitos profissionais dedicaram ao seu desenvolvimento profissional. Não me venham com histórias sobre a dignidade da tutela de alunos pois não é disso que se fala. A tutela é outra coisa Srª ministra.
  • Ainda que as actividades de substituição surjam como complemento exigirá sempre a preparação e organização dos professores e da escola de modo a tornar útil esses tempos. Ora isso exige tempo, mais tempo para preparar materiais, concertar estratégias, escalar professores, coligir informação etc., etc. Esse tempo virá da componente não lectiva dos professores, o tal roubado aos seus alunos e às necessidades especificas para preparação das suas aulas.
  • Não nos podemos esquecer que estamos a meio da implementação de novos programas com diferentes exigências e que exigem mais pre-preparação, reflexão e trabalho, muito trabalho no desenvolvimento de materiais didácticos. Exigem serenidade, sensatez e tempo. Talvez por isso este seja o tipo de materiais usados em aulas de substituição e por este andar será também o usado nas aulas, pois começa a escassear tempo para fazer as coisas bem feitas.
O desânimo é grande. Temos professores com falta de tempo para preparar convenientemente as suas aulas e no entanto passam boa parte dele na escola. É frustrante. Por vezes acompanhando alunos que não conhecem e com a cabeça no que precisavam de fazer e outras sem fazer nada, de plantão, e sem condições para preparar as suas aulas.

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