quarta-feira, janeiro 18, 2006

A avaliação e o ilusinismo

A avaliação, penso eu, está na ordem do dia e diria mesmo que irá estar no centro de toda a discussão no que respeita a educação no presente ano. Por isso os meus textos nas últimas semanas.

A ideia, a minha, é em torno da bitola. Que bitola usar? Mas acima de tudo uma luta para que a bitola seja a mesma para todo o sistema educativo. Não que eu acredite nisso piamente mas como explicarei mais adiante não se podem usar uns critérios para umas coisas e outros para outras só por conveniência. Para avaliar as escolas, os professores e os alunos e até porque não o próprio ME a bitola deve ser a mesma. Sobretudo se a bitola forem os resultados dos alunos. E a este propósito ainda não vi nenhum ministro demitir-se por causa dos constrangedores resultados dos nossos alunos fruto das suas reformas mais politicas que inteligentes.

A este propósito esta semana saíram os resultados dos exames nacionais do 9º ano e a esse propósito transcrevo a notícia do Publico

Outra das conclusões realçadas pelo JNE prende-se com a "grande discrepância" entre a média obtida nos exames nacionais e a média de frequência. Por outras palavras, e tal como acontece no 12.º ano, os alunos têm classificações substancialmente melhores na avaliação que é feita ao longo do ano pelos professores da escola do que na avaliação externa.

E agora tenha-se em atenção a forma como a ministra manipula a importância dos resultados:

Recorde-se que, por se tratar do primeiro ano de aplicação dos exames, a nota contou apenas 25 por cento (e não 30 por cento, como inicialmente previsto) no cálculo da classificação final da disciplina. Para este ano, a questão está ainda em aberto, mas é provável que a tutela mantenha o peso de 25 por cento. "Enquanto não forem conhecidas as conclusões do trabalho de reflexão interna nas escolas, alterar a ponderação serviria apenas para punir indevidamente os alunos", explica fonte do Ministério da Educação.

Ou seja mesmo sem conhecer toda a extensão do problema a ministra revela um relatório que põe em causa todo o ensino da matemática e serve-se desse mesmo argumento para não alterar um dos factores que não pode ser descartado como responsável pelos resultados.

O facto de o exame nacional não pesar de modo significativo na avaliação dos alunos é sem dúvida um elemento que pesa no esforço que os mesmos fazem para obterem bons resultados no exame.

Chama-se a isto ilusionismo.

Quanto aos resultados propriamente ditos sabem todos aqueles que estão minimamente por dentro do que sucedeu que estes exames não podem ser classificados de honestos. Mas isso dava mais umas quantas linhas.

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